PSICODÉLICOS PROMOVEM EFEITOS DE ANTI-ENVELHECIMENTO (em vermes, camundongos e células humanas)
- Iago Lôbo

- 3 de set.
- 2 min de leitura
Psicodélicos e Envelhecimento: Novas Descobertas Científicas
Nos últimos meses, novas publicações científicas demonstraram um potencial até então pouco explorado dos psicodélicos: seus efeitos anti-envelhecimento.
Um estudo estadunidense, publicado no npj Aging, investigou o efeito da psilocina em camundongos e em células humanas, e teve seus resultados noticiados em portais de imprensa brasileiros. Já um estudo brasileiro, coordenado pelo neurocientista Stevens Rehen e fruto da parceria entre a UFRJ e Instituto D’OR, investigou os efeitos do LSD em vermes da espécie Caenorhabditis elegans, mas, curiosamente, teve menos espaço na mídia nacional.
Estudo com Psilocibina em Camundongos e Células Humanas
O artigo “Tratamento com Psilocibina Prolonga a Vida Útil Celular e Melhora a Sobrevivência de Camundongos Idosos”, publicado em 08 de julho de 2025, apresenta a pesquisa realizada na Universidade de Emory e no Baylor College of Medicine.
Resultados principais:
A psilocina foi administrada em células isoladas de pulmão e pele humanos, além de camundongos fêmeas idosas.
As células humanas tiveram uma extensão da vida útil em até 57%, dependendo da dose aplicada.
Após 10 meses de aplicações mensais, 80% dos camundongos tratados ainda estavam vivos, em comparação com 50% do grupo de controle.
Os animais apresentaram crescimento de pelos em áreas calvas e recuperação da coloração da pelagem embranquecida.
A professora Louise Hecker, autora sênior do estudo, afirmou em entrevista à Live Science que a psilocina fez com que as células se comportassem como células mais jovens. O efeito foi associado a:
Redução do estresse oxidativo.
Aumento dos níveis de Sirt1, proteína ligada à longevidade.
Preservação do comprimento dos telômeros, estruturas relacionadas ao envelhecimento celular.
Estudo Brasileiro com LSD em Caenorhabditis elegans
O estudo brasileiro, parte da tese de mestrado de Beatriz Carrilho, co-orientada por Ivan Domith, foi publicado em 17 de junho de 2025 no repositório aberto bioRxiv sob o título “Dietilamida de Ácido Lisérgico Estende Tempo de Vida em Caenorhabditis elegans”.
Principais achados:
Animais expostos constantemente ao LSD viveram, em média, 25% a mais que o grupo de controle.
Outro grupo, exposto por períodos curtos de horas, também viveu mais, mas com um ganho de apenas 11% a 12% em relação ao grupo de controle.
Stevens Rehen destacou que o LSD, pelo menos em C. elegans, parece mimetizar os efeitos do jejum e da restrição calórica, uma das intervenções mais estudadas para prolongar a expectativa de vida em várias espécies.
Entre os efeitos observados:
Aumento de 25% da expectativa de vida dos animais.
Redução de marcadores de envelhecimento.
Inibição do metabolismo lipídico e da síntese proteica.
Atuação semelhante a um inibidor do complexo TOR.
Estímulo da translocação nuclear de PHA-4/FOXA.
O texto do artigo conclui:
“Nossos achados demonstram que LSD estende a duração de vida e atrasa o declínio fisiológico associado com a idade em Caenorhabditis elegans.”
Conclusão
As duas pesquisas fornecem evidências pré-clínicas de que psicodélicos podem contribuir para um envelhecimento mais saudável. Os resultados apontam não apenas para o aumento da expectativa de vida, mas também para melhorias na qualidade de vida e no tratamento de doenças relacionadas à idade.
O avanço desses estudos em humanos poderá abrir caminho para novas estratégias geroprotetoras e intervenções voltadas a idosos e pacientes em cuidados paliativos.


